quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A consulta (miniconto)

Na ante-sala da clínica do hospital, Adalberto aguardava a filha que havia entrado para realizar um exame especializado. Um pequeno caroço aparecera na mama da moça, e em casa estavam todos preocupados com o que poderia ser aquele corpo estranho. Em vista do estado psicológico da filha, Adalberto resolveu acompanhá-la. E lá estava ele pacientemente sentado na ampla sala, observando o movimento ao redor. De repente, ele ouviu seu nome ser chamado. Assustou-se, estava com o pensamento longe, imaginando como estaria indo o exame da filha. Chamaram-lhe de novo.

Adalberto se dirigiu ao balcão. Provavelmente, sua filha precisava dele lá dentro e havia pedido que o chamassem. Com o coração apertado, identificou-se e então lhe deram uns papéis, onde constavam dados pessoais seus. A moça do balcão disse para ele entrar e se dirigir à sala número 7. Lá, o médico, um senhor de cabelos brancos, o recebeu sorrindo e o mandou sentar na cadeira em frente. Fez-lhe algumas perguntas sobre a sua saúde, tomou sua pressão, auscultou-lhe o peito e as costas, apalpou-lhe cuidadosamente a garganta com os dedos, pediu para que abrisse a boca a fim de observar os interiores. Foi um exame quase completo. O médico perguntou o que queria saber e escreveu na ficha médica o que deveria escrever. Por fim, o encaminhou para um exame de raio-X, no fim do corredor. Depois, mandaram-lhe aguardar o resultado lá fora, na sala de espera.

Durante todo esse tempo, Adalberto fizera tudo o que lhe pediram, porém sem entender o que se passava. Afinal, só fora ali para acompanhar a filha. De novo sentado, ele encostou a cabeça na parede e fechou os olhos, tentando coordenar os pensamentos. De repente, tocaram-lhe no ombro. Era sua filha, que já havia feito seu exame e o chamava para irem embora. Ele olhou para ela.

― Me aconteceu uma coisa estranhíssima ― e contou à filha o que tinha se passado.

Ela disse que não teria dado tempo para acontecer o que o pai falou. Ele insistiu. Então, se dirigiram ao balcão, e o pai pediu à atendente que confirmasse à filha a sua história. A moça negou, não o havia encaminhado a qualquer médico nem o seu nome constava da relação de pacientes inscritos para exames. Adalberto insistiu, disse até o nome do médico que o atendera na sala 7.

― Não há médico com esse nome, senhor. Nem há sala 7 aqui.

Então, a filha pegou carinhosamente o pai pelo braço e foram os dois pelo corredor, em direção à saída do hospital.

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